“Pôs-se a jeito”: Cristina Ferreira causa polémica e vê-se obrigada a esclarecer
"Retirada do contexto, a frase, provocou uma avalanche de partilhas e discurso de ódio"

Cristina Ferreira tem estado ‘debaixo de fogo’ nas redes sociais nas últimas horas devido a uma afirmação no programa “Dois às 10” desta segunda-feira, 2 de junho, em direto na TVI.
O caso de Conceição Figueiredo, de 69 anos, que foi encontrada sem vida em Mortágua, cerca de duas semanas depois do seu desaparecimento em Oliveira do Bairro, esteve em destaque na rubrica ‘Atualidade’. Jair Pereira, de 58, ex-namorado da vítima, que ainda está desaparecido, é o principal suspeito, uma vez que os dois foram vistos pela última vez numa dancetaria.
“Porque eu não sei se esta mulher, depois do baile, entrou num carro com ele e aí, se calhar, é que se pôs a jeito para que isto acontecesse. E, portanto, hoje em dia é mesmo não confiar em ninguém, nem na pessoa de quem mais gostamos. Lamento dizer isto, mas é verdade. E sabíamos que a São já não queria grandes coisas com este homem, mas supostamente acabou morta”, disse Cristina Ferreira.
A expressão “pôs-se a jeito” fez estalar a polémica e a apresentadora prestou esta terça-feira, 3, um esclarecimento através do Instagram: “Não tenho por hábito comentar polémicas da internet, mas como não posso compactuar com a desinformação e a caça ao like tenho de me manifestar. Ontem, na crónica criminal do programa, espaço que nos últimos anos muito tem contribuído para a informação, alerta e até mudança na justiça portuguesa, falámos, infelizmente, de mais uma mulher morta. Na sequência do debate falei dos tempos que correm e de como não podemos já confiar em ninguém. O alerta tinha o propósito da defesa de cada um de nós em relação a desconhecidos ou relações abusivas e controladoras. A frase ‘pôs-se a jeito’ usada, no contexto, tinha tudo menos o propósito de culpabilizar a mulher, aliás o que se pretende é exatamente o contrário”, começou por escrever.
“Retirada do contexto, a frase, provocou uma avalanche de partilhas e discurso de ódio, que vão exatamente no sentido contrário daquilo que apregoam algumas das vozes que se manifestam no combate à violência. O apontar do dedo e a procura do erro no outro, de forma enviesada, não contribui para o para o combate, necessário e urgente, da violência doméstica. Estimular discursos de ódio não favorecem uma sociedade melhor. A voz de cada um deve ser usada para a criação de empatia, discussão informada e alteração de comportamentos, que infelizmente me parecem viver um retrocesso”, acrescentou.
“Posto isto, vou continuar, no espaço que tenho profissional, a usar a minha voz e a dos meus convidados, psicólogos, advogados e inspetores da polícia, para o alerta, a informação e divulgação de tudo o que nos pareça essencial para uma sociedade melhor. Trabalho que faço há 20 anos. É no amor que evoluímos. Nunca no ódio”, rematou.