Texto sobre ataques a Bruno Savate torna-se viral “entulho televisivo!”
Ao longo do texto, é analisado o o estado de saúde mental de Savate, o aproveitamento da Produção do assunto e sobre a tábua rasa que faz aos ataques de que o estado tem sido alvo!
Este domingo, dia 14 de fevereiro, ficou viral nas redes sociais, um texto sobre Bruno Savate, um dos concorrentes mais em destaque nesta edição do ‘Big Brother’.
Ao longo do texto, é analisado o o estado de saúde mental de Savate, o aproveitamento da produção do assunto e sobre a tábua rasa que faz aos ataques de que o estado tem sido alvo!
Lê também: Liliana Filipa mostra surpresa que recebeu de Daniel em Dia dos Namorados
Melhor que descrever este longo texto da página de Facebook, A Anarquia das Palavras, o melhor mesmo é ler na integra:
“A fina flor do entulho televisivo!
O Big Brother, programa da TVI, vai na sua terceira edição desde o início desta pandemia, numa casa na Ericeira, onde se censura tudo menos o preconceito psicológico. Depois de uma primeira edição onde um concorrente foi massacrado devido aos seus problemas com a ansiedade, depois de uma segunda edição onde um participante que acabou internado com um surto psicótico, repito, surto psicótico, no Hospital do Barreiro e foi chuchado ao máximo como bandeira içada captadora de audiências pelas bandas de Queluz de Baixo, outra coisa não seria de esperar que o mesmo se repetisse numa terceira edição.
Bruno Savate é concorrente desta terceira edição e em 2018 foi-lhe diagnosticada uma depressão profunda após a morte do seu gato de estimação e, até hoje, ainda não conseguiu abandonar o estado de tristeza profunda que muitas vezes sobre ele se abate. Mas se os outros dois casos de psicofobia no reality show apresentado por Teresa Guilherme e Cláudio Ramos já representaram o enorme retrocesso civilizacional que vivemos em Portugal, este caso ultrapassa todos os limites da decência, da responsabilidade social e do respeito pelo ser humano. Ora vejamos…
Bruno Savate participou em vários reality shows da TVI nos últimos anos e sempre adotou uma postura a roçar os limites da agressividade e da provocação como estratégia de jogo de forma a conseguir conquistar a popularidade do público português. Acabou mesmo por ser expulso por agressão na sua última participação em 2015.
Nesta nova participação adotou uma estratégia de menos confronto, menos insulto, mostrando-se mais calmo e sereno, recorrendo à ironia ao invés da explosividade. E é precisamente aqui que começa o descarrilar silencioso e perturbador do comboio carregado de preconceito social que este programa reflete para a nossa sociedade.
No início, surgiram algumas almas tristes, que puxam dos seus estudos académicos mas invadidas pela ignorância que as habita e a qual vão ostentando nas redes sociais o pseudo-vedetismo sabe lá Deus de quê, de que o concorrente estava diferente por estar “dopado”. Ou seja, vendeu-se, com a conivência da Endemol, a tese de que Bruno Savate sem medicação provavelmente seria uma espécie de serial-killer em potência dentro daquela casa. De que alguém com depressão torna-se um perigo sinalizado para toda a sociedade. Mais… todos os dias tem sido vendida a atrocidade de que calmantes alteram por completo a personalidade de um ser humano. Isto não é só absurdo. Isto é absurdo e criminoso, mas, a nossa sociedade, desprovida de informação e carregada de um enorme preconceito, acredita e aceita isto de forma natural.
A forma como a depressão do concorrente de Gondomar é hostilizada por alguns concorrentes e comentadores é o reflexo do quão bárbaro se está a tornar o Mundo onde vivemos. Expressões como “alguém que lhe traga um gato amarrado num drone” ou “por favor, anda ali comigo escrever com pedras o nome do teu gatinho que eu quero tanto” ou até “aquilo passava-lhe se estivesse menos tempo no confessionário a falar com o psicólogo” descarregando todo um desprezo e um ódio ao próximo que é doloroso só de assistir tornaram-se completamente banais . São estas as apelidadas de “Mães Guerreiras” de “Bibis Lindas” e “Fannys belas da Nação”.
Recordar que o Big Brother, no último ano, foi palco de castigos por comportamentos homofóbicos, racistas, sexistas, xenófobos e até com saudações nazis. Mas porquê que ataques de caráter psicofóbicos perante a doença mental nunca foram sancionados? Porque todos os temas acima referidos são bandeiras políticas. Porque há uma associação quer à Direita, quer à Esquerda de todos esses temas. No recente caso da saudação nazi, até uma Petição foi criada. E a Saúde Mental é… é a saúde mental. É o Universo do tudo mas ao mesmo tempo do nada.
Basicamente transmite-se a concepção de que estar mal psicologicamente representa um fazer-se de coitadinho, uma mudança total de personalidade e onde há via verde para se ser atacado por concorrentes e comentadores munidos de uma estupidez crónica e cá fora, na vida real, por quem te rodeia, de forma impune, esquecendo-se que um dia podem ser eles ou alguém que eles amem a passar pelo mesmo.
Mas também a concepção e o encorajamento de que se estás doente, és um fraco e tens de aguentar porque o Mundo não é para ti, não deves procurar qualquer tipo de ajuda e deves sentir vergonha de ti mesmo como se isso sim, fosse natural. Deves sim procurar ajuda e o mais rápido possível. Tu não és diferente. Tu não és menos nem mais que ninguém. Tu és único e é essa característica que tens de aceitar levantando sempre a cabeça e tentando dobrar o cabo das tormentas que por muitas vezes é viver.
Antes da pandemia chegar, calculava-se que 23% dos portugueses sofriam de alguma perturbação do foro mental. Com um ano de pandemia em cima e com a crescente diversidade de dúvidas e incertezas sobre o futuro, estou curioso para conhecer os próximos números. Relembrar que Portugal é o País da Europa que mais anti-depressivos consome. Mas muitas vezes não sabes como, onde nem porquê, porque as pessoas continuam a ter medo de serem rejeitadas e escondem-se dentro do armário do seu próprio sofrimento.
Já falei demasiadas vezes do meu problema de saúde mental por aqui, ao ponto de ser exaustivo mas, se antes da pandemia eu estava bastante doente, posso-vos dizer que hoje estou sentado dentro das ruínas de mim próprio. A dor e o desânimo são completamente insuportáveis. Não sinto motivação para escrever, para ler, para nada. Como dizia um psicólogo conceituado na televisão um dia destes, quem já estava doente ficou mais doente e muitos dos que não estavam, passaram a estar. Sei que prometi a quem gosta de me ler a fundação de uma Associação de Defesa dos Direitos do Doente Mental. Neste momento não estou preparado para isso, não sou hipócrita.
Mas também há uma certeza que vos deixo. No dia que ela surgir não será mergulhando no cliché de amordaçar quem faz humor, da exigência de uma doente mental certificado para fazer a dobragem de um filme ou de pedidos de fundos europeus para dar conferências para as moscas. Será o combate silencioso a situações reais de desumanidade profissional e social. Será com uma tentativa de enraízar neste País de que se estar doente a nível mental não representa incapacidade para viver, ameaça à vida dos outros ou a transformação de um ser humano em algo repugnante do qual todos se afastam. Porque aqui não se quer dinheiro e há o cansaço acumulado do lodo político mergulhado em lobbys apenas com fins para proveito próprio. Aqui quer-se justiça e ajuda para quem sofre!
Apesar de tudo, relembrar que estamos a falar do canal onde a diretora de conteúdos do mesmo, teve direito a apresentar o seu livro que vendeu milhares de cópias contra o cyberbullying em prime-time, no Jornal da Noite, agarrando uma causa que a perturba. Apesar de eu concordar que o insulto gratuito deve ser responsabilizado, recordar que a mesma diretora de conteúdo foi quem telefonou no passado para dentro de um reality-show porque uma concorrente a apelidou de histérica. Histérica = grave Doença mental = banal
Não tenho uma câmera de televisão para olhar e fazer uma voz combalida mas posso dizer que quem sofre de perturbações mentais vê, quem é cuidador informal vê, quem está no limbo sobre se a sua vida deve ou não continuar, vê!
E essas pessoas, fechadas há um ano em casa, vêem todo o tipo de comportamento inaceitável ser punido pela produção do programa mas, os comportamentos de insulto a quem está simplesmente doente como elas passam incólumes, o que leva essas mesmas pessoas a questionarem qual o seu valor no meio disto e chegando à conclusão (errada) de que o mesmo é perto de zero.
É que isto de tentar promover a paz semeando ao mesmo tempo a guerra Doutora Cristina, é o expoente máximo da hipocrisia e da falta de respeito por quem tanto dinheiro lhe dá a ganhar.
É como diz o ditado… à mulher de César não basta parecer séria…
Boa noite e muita coragem para o Bruno e a sua família. Não no jogo, isso é secundário, mas na vida. Que rapidamente ele se recomponha da tristeza que se apoderou dele e seja feliz. Coragem! Para ele e para todos os que se sentem débeis e não sabem onde encontrar forças para prosseguir. Não estão sozinhos. De todo!”