Marco Paulo deixou-nos exatamente há uma semana. O cantor de Maravilhoso Coração foi hoje mais uma vez homenageado na missa do sétimo dia por fãs, familiares e amigos.
Um deles foi Telmo Miranda, amigo e backing vocal do artista, não podia deixar de estar presente neste dia. Em direto no V+ Fama, o cantor confessou, “foi uma noite muito emotiva, foi uma noite onde pudemos em oração poder prestar mais uma vez uma homenagem, despedir-nos fisicamente e preparar-nos para, espiritualmente, para quem tem fé, poder receber lá em cima alguém que realmente é muito especial para muita gente, para todo o país e para nós que mais privadamente estivemos com o Marco nos últimos anos.”
Como era trabalhar com o Marco Paulo?
“O Marco eu conheço desde sempre, até porque desde que comecei a trabalhar em palco tive sempre o Marco como uma grande referência e como um ídolo. Curiosamente, o Marco cruza-se na minha vida por algumas coisas que não têm muito a ver com o mundo do espetáculo.
O meu pai esteve na Guiné no mesmo altura que o Marco esteve, portanto, foi uma coincidência. Depois a casa que nós temos em Torres Novas, ele teve para comprar uma casa mesmo ao lado da nossa casa e, portanto, fomos nos encontrando esporadicamente e dá 10 anos para cá, já depois de eu ter a minha carreira a solo a começar a ser consolidada.
Ele convida-me para integrar-me na banda e ao contrário daquilo que a maior parte das pessoas neste país e neste mundo do espetáculo faz, eu acabei por aceitar o desafio e o respeito e a generosidade que o Marco teve para comigo foi precisamente de integrar-me na banda dele e ter o privilégio não só de fazer backing vocals, como disseste muito bem, mas também o privilégio de poder ir à frente e fazer um a dois duetos por concerto, que ele me convidava sempre, e isso para mim, aprendi realmente a conhecer melhor, a partir desta altura, o Marco. Portanto, estamos a falar de há oito anos, dez anos para cá, onde tivemos praticamente sete a oito anos em estrada.”
Registo inédito de Marco Paulo nos anos 80 com António Sala e Olga Cardoso
Trabalhar com o Marco ‘era complicado’ por ser muito exigente
“O Marco sempre foi uma pessoa extremamente exigente, sempre foi uma pessoa que sempre teve o cuidado de escolher o repertório que se adequava mais ao seu timbre, e era um timbre único, aliás, eu digo muitas vezes que ele é a voz de Portugal, e, portanto, em palco, ainda era mais exigente com todos os que trabalhavam com ele, porque queriam que tudo saísse ao pormenor, ao ponto de poder satisfazer os seus fãs, de quem ele sempre respeitou, e para quem ele viveu inteira.
Portanto, eu com ele só posso ter aprendido muito. Muitos conselhos foram-me dados por ele, às vezes até com uma frontalidade que só quem o conhece é que percebe que tudo fazia sentido. Já para não esquecer do maravilhoso sentido de humor que ele sempre teve e que jamais poderemos esquecer. Eu com o privilégio de poder privar também na sua casa e de poder partilhar com ele grandes momentos na intimidade e isso para mim vai ficar sempre no meu coração porque realmente foi um privilégio privar com um homem tão interessante.”