Rita Ferro Rodrigues não gostou da agressão do Will Smith a Chris Rock, na cerimónia de entrega dos Óscares.
O ator não gostou que o humorista fizesse uma piada com a doença da sua mulher Jada Pinkett Smith: “Mantém o nome da minha mulher fora da tua boca”.
Rita Ferro Rodrigues achou que tudo isto foi um comportamento machista e reagiu assim nas redes sociais:
«Vi a cena do momento em direto. O humorista fez uma piada má sobre a falta de cabelo de uma mulher doente. O ator e marido respondeu com violência a esta piada má. Três figuras muito públicas de Hollywood.
Will Smith não devia ter agredido Chris Rock. A minha linha vermelha é a violência física. Sim, é um episódio lamentável de ambos, de um machismo insuportável (quem não o consegue perceber, desculpem-me, mas não vou explicar, há coisas demasiado óbvias e este tema da desconstrução do que é machismo já me provoca urticária).
Há uns anos, fui cancelada no Twitter por ter reagido à piada de um humorista que decidiu usar a falta de cabelo de uma mulher doente. Era Laura Passos Coelho, mulher do então Primeiro-Ministro. Uma figura pública (o político), uma não figura pública, a sua mulher. E atenção ao possessivo sua, porque se não fosse assim, se fosse outra mulher qualquer, a piada não teria sido feita.
Achei-a, de facto, muito fraca e reagi ao mau gosto escrevendo um texto que expressava a minha opinião. Já se sabe que o único limite (não do humor, mas de alguns dos seus protagonistas) é a crítica dos outros. Aí, meu Deus, que isso não pode acontecer, era o que mais faltava, viva a liberdade de expressão etc., etc. Tudo certo. O humorista faz a piada má, tem o seu direito, eu critico, estou no meu. Parece simples, mas não é… Porque quem critica um humorista é logo acusado de querer impor limites ao humor e de querer condicionar-lhe a liberdade de expressão.
O humorista não gostou e passou o resto da sua vida – até aos dias de hoje – a insultar-me e a caluniar a minha família de forma obsessiva. Sim, bastante patético. Conto esta história para vos explicar que, até por tudo isto, estaria em posição emocional de vos dizer: “Grande Will Smith que deu um murro ao Chris Rock para defender a sua mulher”. Mas não. Nada justifica que alguém atropele uma pessoa por não gostar do que esta lhe disse. Nada justifica ultrapassar esta linha vermelha que nos distingue entre seres racionais e animais.
E nestes tempo de guerra, onde a distinção de valores é crucial, eu sei exatamente de que lado me encontro. Bom dia».
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