Antigos advogados de Frederica Lima reagem e explicam renúncia
“Causa-nos especial perplexidade que, em vez de nos contactar diretamente, prefira lançar acusações infundadas através da comunicação social.”

Os advogados Pedro Nogueira Simões e Carla Ilharco, que até há poucos dias representava Frederica Lima, veio a público explicar à Nova Gente os motivos que levaram à renúncia do mandato.
A decisão, tomada a 1 de outubro, teve como ponto de rutura “a quebra irreparável de confiança” com a cliente, motivada sobretudo pelo comportamento público da própria.
Segundo os causídicos, a exposição de Frederica Lima nas redes sociais e nos ‘media’ criou “controversas que comprometeram a defesa”, sendo que a própria teria admitido ter consciência dessas dificuldades.
Mas as críticas dos ex-mandatários não ficaram por aqui. Pedro Nogueira Simões e Carla Ilharco não esconderam o incómodo com a postura do colega Alexandre Guerreiro, advogado do arguido: “Em vez de se restringir ao foro próprio — o tribunal — tem optado por difundir, através das redes sociais e da comunicação social, declarações destituídas de fundamento.”
Apontam, imputações falsas: que a vítima estaria também sob vigilância eletrónica, ou que a defesa teria tirado fotografias no interior do tribunal. “Nada disso corresponde à verdade”, sublinham, recordando que até a saída dos advogados foi registada pelas câmaras presentes, sem qualquer intervenção policial, ao contrário do que foi insinuado.
Os advogados deixaram claro que não pretendem entrar em guerra aberta nos jornais, “Reservamo-nos ao direito de responder apenas perante as entidades competentes, no âmbito do processo.” E contrapôs a postura discreta que diz ter assumido desde o início: “Sempre nos pautámos por contenção. Apenas uma vez falámos publicamente, após uma diligência no tribunal, para esclarecer o andamento do processo e manifestar confiança na Justiça.”
Ainda assim, não deixaram de demonstrar perplexidade com o comportamento do colega da parte contrária, “Causa-nos especial perplexidade que, em vez de nos contactar diretamente, prefira lançar acusações infundadas através da comunicação social.”
Nogueira Simões e Carla Ilharco reconhecem a frustração que qualquer advogado pode sentir quando confrontado com revelações públicas sobre os atos do próprio cliente, “também nós não gostaríamos de ser surpreendidos pela comunicação social”, mas demarca-se da reação de Alexandre Guerreiro: “Não podemos expressar igual solidariedade, porque não nos revemos nesse comportamento.”
Os antigos mandatários defendem ainda que os ataques à credibilidade de Frederica Lima são especialmente graves: “Insinuar que a vítima está mais preocupada em comunicar com a imprensa do que em evidenciar o estado de pânico que vive é deturpar a realidade. As vítimas de violência doméstica são aconselhadas a reunir todos os meios de prova ao seu alcance.”
E rematam com um apelo à responsabilidade: “Ataques públicos desta natureza não apenas deturpam a verdade dos factos, como agravam o sofrimento da vítima, expondo-a a risco acrescido. Num Estado de Direito, a verdade constrói-se em tribunal, não através de campanhas públicas de desinformação.”
“Reiteramos a total confiança na Justiça e no apuramento sério dos factos”, concluiem.