Velhos Tempos

Festival da Canção: A história Completa Parte II

Artigo escrito por Hugo Silva do Ainda Sou do Tempo Blog

O primeiro festival dos anos 80 trouxe uma grande novidade, foi a primeira emissão a cores da RTP e isso foi celebrado com pompa e circunstância, apesar da esmagadora maioria do país não ter ainda um televisor que permitisse ver isto a cores, e perderam assim o kispo verde de Cid ou o smoking colorido de Eládio.

Em matéria de apresentadores, Eládio Clímaco apresentou o certame por cinco ocasiões, sempre acompanhado por uma cara feminina, como Ana Zanatti ou Valentina Torres. Nesta década a RTP inovou um pouco no número de pessoas à frente do programa, em 82, 85 e 86 foram 3 pessoas a apresentar, enquanto que em 87 e 88 foi somente uma pessoa no comando das operações. Fialho Gouveia, Ana Paula Reis, Ivone Silva e Camilo de Oliveira foram alguns dos nomes que nos conduziam entre as músicas apresentadas e no quadro de votações.

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Quem não se recorda dos momentos de ouvirmos o telefonema da delegação da Guarda ou Castelo Branco a dar os votos para as canções a concurso? A década começou em grande, com a vitória de Cid numa música que chegou a ser considerado, por alguns estrangeiros, uma das favoritas à vitória.

Um grande grande amor, das primeiras a ter também algumas alterações, a que foi apresentada por cá tinha um começo calmo e quase de balada, animando só no fantástico refrão, mas lá fora era esse mesmo refrão que abria a música, apresentando uma quantidade de palavras nas mais diversas línguas e captando assim a atenção de todos os envolvidos.

Chegámos mesmo assim ao sétimo lugar na Eurovisão, algo que já não estávamos habituados e que encheu de esperanças para a década que então iniciava. No ano seguinte quase que Cid venceu de novo, mas as delegações decidiram atribuir a vitória ao Carlos Paião e o seu “Playback” (que no coro tinha a Ana Bola), uma música muito festivaleira e animada mas que não foi melhor que o penúltimo lugar lá fora.

A animação continuaria em 1982, com as Doce a conseguir à terceira tentativa uma vitória com o seu Bem Bom, que levou até a BBC a tentar negociar uma troca de pontos com a RTP, algo que não foi aceite e levou a que mais uma vez não fossemos bem-sucedidos.

Armando Gama trouxe de volta as baladas em 83, o ano em que o festival se realizaria no norte, enquanto que em 84 o play back voltaria a estar na boca de todos, isto porque todos cantaram em playback menos a vencedora, Maria Guinot que com o seu silêncio recebeu uma ovação espantosa em Luxemburgo, onde quase que jogávamos em casa com tanto emigrante mas que mais uma vez fez com que ficássemos num lugar aquém do esperado.

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O festival de 85 voltou recentemente a estar na moda, com a rádio comercial a lembrar a derrota de Umbadá de Jorge Fernando (a música que todos se lembram e cantaram),  e a descurarem a vitória de Adelaide Ferreira que chamou a atenção lá fora com a sua voz e presença em palco com a canção “Penso em ti (eu sei)”.

Dora trouxe o rock ao festival, numa edição que teve a curiosidade de não ter sido em directo a não ser na parte da votação, e que tornou o “Não sejas mau para mim” uma das mais populares canções de sempre. A saia verde e o estilo da cantora fizeram sucesso lá fora, mas o resultado não foi além de um  14º lugar.

Em 1987 já Portugal se encontrava na CEE, por isso a RTP tentou inovar no seu festival e pela primeira vez este realizou-se na Madeira, mas teve um dos vencedores mais sem sal da história, com os Nevada a irem lá fora de uma forma quase amadora e sem alma. Portugal começava a ter muitos problemas nas edições realizadas em solo nacional, em 88 foram muitas as confusões antes de sabermos que era Dora de novo a vencedora (em playback) mas a mesma não sabia ainda se iria ou não de novo à Eurovisão.

O Conquistador dos Da Vinci é talvez a canção que todos falam quando se recordam dos festivais da canção, uma letra a lembrar os descobrimentos com uma melodia rock e uma voz possante que no entanto esmoreceu na viagem à Eurovisão e fez com que mais uma vez ficássemos para último.

Foi a década que mais se usou o “este ano é que é”, depois o “é sempre a mesma coisa, estão todos feitos”, para justificar os fracos resultados das músicas vencedoras. Como nos outros anos, houve algumas músicas que não venceram mas foram tão, ou mais populares, que as vencedoras. Eis algumas

Ali Babá das Doce em 81, Trocas e Baldrocas da Cândida Branca flor em 82, Vinho do Porto de Paião e Branca Flor em 1983 e Umbadá em 85.

Ver Festival da Canção: A história Completa Parte I

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