Luís Osório aponta o dedo à Joana Marques: “porventura um vírus de amoralidade ou talvez de oportunismo que é tudo menos bonito”
Um milhão de euros em causa, quatro espetáculos anunciados e uma ética em suspenso. Quando o humor tem recibo verde e timing perfeito.

Luís Osório, pegou no tema da semana passada: Anjos vs Joana Marques.
Joana Marques foi ilibada. “Não podia ser de outra forma”, escreve-se e pensa-se. O caso que os “Anjos sem asas e sem cabeça” moveram contra ela, pedindo um milhão de euros, era tão absurdo que o simples facto de ter chegado a tribunal já roçava o surrealismo. A juíza falou, a humorista suspirou de alívio. E festejou, como qualquer um faria. “Se alguém me pedisse um milhão de euros por nada, também convidaria os amigos para jantar e abriria uma garrafa”, reconhece o cronista.
Mas Joana foi mais longe. Poucas horas depois da sentença, anunciou um novo espetáculo: “Em Sede Própria”. Não um, mas quatro. Coliseu dos Recreios, Super Bock Arena, tudo a sold out em menos de uma hora. O humor, como se vê, é um ótimo negócio.
E é aqui que o tom muda. “Há nisto qualquer coisa de incomodativo”, escreve Luís Osório. O desconforto não está no talento, que é inegável, mas na pressa com que se transforma um julgamento real, com pessoas reais, num produto cultural pronto a consumir. “Discuto o desrespeito pela Justiça”, sublinha.