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Opinião: Casa dos Segredos com casting de luxo, mas falhou na gestão de crise! A avaliação dos comentadores

Uma análise detalhada ao sucesso do Casa dos Segredos 9, casting, polémicas, produção e o desempenho dos comentadores da TVI.

A nova edição da Casa dos Segredos foi uma das melhores dos últimos anos e tudo porque tem aquilo que sempre disse: um bom casting.

Já referi imensas vezes nas redes sociais que o sucesso de um bom reality show é um bom casting, algo que esta nova roupagem da TVI tem feito: Big Brother Verão e agora Casa dos Segredos 9. Quando digo nova roupagem na Estação de Queluz de Baixo, tem a ver com a mentalidade e não com as pessoas propriamente ditas, porque na sua maioria são as mesmas. Contudo, deixaram de ser casmurros em alguns pontos e souberam alargar a visão noutros.

Julgo que o único ponto que ainda falta corrigir na TVI/Endemol é a contratação de bons profissionais para um gabinete de gestão de crise. A falta destes tem provocado inúmeros problemas dentro (e fora) do programa e ataca a credibilidade do formato, que, se bem que continue a ser vencedor, pode trazer problemas no futuro.

Temos o caso da mão do Fábio dentro das calças da Marisa e, depois, castigos completamente ridículos e sem critérios, como o de Tiago Rufino, quando apenas tocou num concorrente. É óbvio que isto transmite uma vibe de injustiça e falta de equidade. Tirar o Fábio do jogo ia estragar tudo, mas as coisas podiam ter sido feitas de uma forma menos polémica.

Depois temos situações como o caso do Dylan Fonte e do Bruno Simão, que tentaram entalar a produção e insultaram a soberana Voz. Contudo, a TVI/Endemol nada podia fazer, porque numa semana não poderiam perder 3 concorrentes (1 dos nomeados mais estes dois). Este formato (Secret Story) tem regras mais apertadas por parte do dono do formato (face a outros reality shows) e, tendo em conta que vive numa dinâmica de segredos, não dá para entrarem novos concorrentes no jogo, nem que fosse só para «encher chouriço».

A TVI, neste caso, teve de «comer e calar» e, se eu estivesse do lado deles, tomaria as mesmas decisões. Contudo, julgo que os contratos dos concorrentes devem ser alterados e colocadas mais algumas cláusulas para quando existe um ato de rebelião, para evitar que tentem estragar o programa através de chantagem.

Só deixar ainda a nota à produção de que por vezes existem determinadas ‘proteções’ devido a narrativas mais rentáveis do que outras (e entendo); contudo, o segredo está em saber fazer isso bem. Dou o exemplo: a Marisa arrasou o Pedro Jorge nas costas, mas apenas se viam imagens dele. Tudo isto foi feito em prol do programa, mas o segredo é fazer as coisas bem, onde todos saem beneficiados: o programa e o público.

Como na crónica passada, faço novamente uma análise aos comentadores, alguns que se mantiveram do Big Brother Verão, mas cujos resultados em alguns casos são bem diferentes. De destacar ainda a linha editorial da produção na forma como conduz a escolha dos comentadores. Antes dos comentadores, tenho de destacar o Nuno Eiró, que se encaixou muito bem nos blocos diários dos reality shows. Está no ponto: humor nada forçado, vê o programa e sabe toda a narrativa, tem uma opinião vincada mesmo sendo moderador, e todos os comentadores gostam dele. O público gosta dele. Todos gostam dele e por isso é caso para dizer: “não mexe”.

Portanto, espero que a TVI continue com esta demanda de querer comentadores que não andem em modo de fanatismo de claque e de apoiante fanático, mas com mais tento na língua. Até há pouco tempo, o critério de escolha era medíocre e, sim, tivemos muitos comentadores que incentivavam ao ódio e que agora se queixam. Aliás, a Cristina Ferreira deveria ter colocado cobro a isto mais cedo.

É preciso manter este registo e limar arestas, porque os tempos evoluem.

Comentadores

Cândido Pereira, que veio da CMTV para a TVI no verão e que no BB Verão teve uma participação fraca, tendenciosa e com algumas narrativas forçadas. Agora tudo mudou: está a saber dosear aquele seu lado de humor, as análises estão mais consistentes e não tem uma Catarina Miranda — um odiozinho de estimação —, o que lhe estragava a sua capacidade isenta de análise. Em suma, evoluiu, está melhor e sinto que existe alguma margem de progressão.

António Leal e Silva, não vê a Casa dos Segredos e por isso manda tiros ao lado, muito ao lado. Aliás, dá a sensação que está ali a fazer um frete e está a fazer um péssimo serviço. Merecia ficar apenas a comentar no V+ Fama, ser jurado do Funtastico e sair deste mundo dos reality shows.

Marcelo Palma, o ex-Casa dos Segredos, tem feito uma participação interessante enquanto comentador, porque no papel de concorrente foi um desastre. Não está no topo dos comentadores, é claro, mas «casa bem» com alguns colegas de painel. Eu daria ainda mais uma oportunidade para comentar, talvez na 1.ª Companhia. Contudo, tem de dar um salto qualitativo na sua prestação… e rápido.

Isabel Figueira, já esteve melhor, mas consegue ter uma grande consistência e vive o ‘jogo’. Ainda me recordo de quando foi a bronca do Fábio dentro das calças da Marisa, em que o momento foi vivido de forma bem intensa. Se ela tiver mais disponibilidade para estar atualizada sobre os enredos, poderá ser um elemento a ter em conta para a continuidade.

Diana Lopes, dispensa apresentações. Apesar de ser detentora de uma narrativa e chavões bem conhecidos, ela leva tudo isto muito a sério, faz um trabalho excelente e faz análises a fundo. Nem sempre concordo com tudo o que diz — aliás, até cheguei a ter uma pequena faísca com ela no ‘X’ (antigo Twitter) —, mas tem sido de fácil entendimento porque sabe ouvir e reconhecer quando erra. Portanto, é um elemento a ter em conta e que se deve manter nos projetos futuros.

Adriano Silva Martins, o apresentador do V+ Fama, comentador de excelência e que ainda dá uma perninha no ‘Dois às 10’. Ele, que não tinha experiência no campo dos realities, foi uma grande surpresa no BB Verão, transitou para o SS9 e não me admiro que vá continuar. Conhecido por extensas análises, bem a fundo, e com pontos de vista por vezes controversos. Apesar dos vários projetos em que está inserido, é alguém que está atento ao que acontece e se diz. Ao contrário de outros, sabe reinventar-se, não abusa nas piadas ou trocadilhos e trabalha bem, ao ponto de nas redes sociais também ser alvo de críticas porque não vai em populismos. É para manter, apenas com uma boa gestão (e até tem sido bem feito) para não cansar a imagem.

Teresa Silva, a veterana dos RS, que tem sempre um feitio complicado a comentar devido à personalidade forte que por vezes a deixa meio cega. Toca por vezes naqueles pontos que outros têm receio e é alguém a ter em conta no painel, mas menos vezes… a vibe dela parece a da “grupeta” Cinha Jardim e similar.

Zaza, faz aquele comentário a roçar o populismo, mas claro, o rapaz é forte no que toca ao digital (e não tem a ver com o número de likes) e isso conta, por isso ele está por ali. Quando se junta com a Teresa Silva é complicado fazer notícia, porque discutem em direto, e tudo aquilo mais parece uma cadeira quente. Se continuar a comentar não me chateia, mas se sair, não sinto saudades; temos outros nomes para o seu lugar.

Inês Morais, a jovem de Viseu (a viver agora em Oeiras) e que num ano venceu dois reality shows, entrou tímida no espaço de comentário, mas rapidamente conquistou os portugueses nesta nova vertente. A jovem viseense, que é de língua afiada, direta e por vezes até inconveniente, tem conseguido manter o equilíbrio, mesmo quando não aprecia um concorrente. Depois, há ainda a destacar a boa vibe com outros comentadores, como o Adriano Silva Martins, que transmite uma imagem (real) de genuinidade.

Márcia Soares, tem perdido qualidade na capacidade de análise; por vezes dá a sensação que vai a reboque das redes, para o bom e para o mau. As análises profundas, sérias e isentas passaram a ser banalidades e espero que tenha um descanso do formato.

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